segunda-feira, 27 de abril de 2020

OUTROS FATOS DA HISTÓRIA DE GUAÇUÍ




Sobre os nomes:

Dizem que quando aqui chegavam os bandeirantes, encontravam sempre uma manada de “veados brancos” à beira do rio, sendo caça fácil para os mesmos. Assim o rio recebeu o nome de Veado, e a vila também. E o nome do município foi sendo depois direcionado para a denominação do rio – São Miguel do Veado.

Com o passar dos anos, o nome do animal “veado” tomou um tom pejorativo, havendo um movimento na comunidade pela troca do nome. Diz a lenda que em um encontro do interventor da vila, no Palácio Anchieta, em visita ao governo do Estado, para discutir a mudança do nome do município com o governador, na época João Punaro, este vê entrando na baía de Vitória rebocado o navio Siqueira Campos, então é determinado que o nome seria este  - Siqueira Campos, que a comunidade desejava para São Miguel do Veado.

Por que Siqueira Campos?



O povo da época não aceitou muito bem, mas acatou o nome dado pelo governador porque era lei, porém quem ficou revoltado foi um padre que havia chegado da Itália, “bravo como os botocudos”, e que há pouco tempo tinha construído a Matriz de São Miguel Arcanjo - Pe. Miguel de Sanctis. Ele afirmou que o Santo iria ficar descontente com o ato e nas comemorações do padroeiro de São Miguel Arcanjo veio uma forte chuva de granizo que destelhou boa parte das casas da cidade.

E é somente em 1943, que o Presidente da República Getúlio Vargas influenciou os governantes estaduais brasileiros a usarem nomes originais em tupi guarani, língua indígena (os legítimos donos das terras brasileiras). Assim, Siqueira Campos torna-se Guaçuí.

A Matriz de São Miguel Arcanjo



A construção da Igreja Católica – Matriz de São Miguel Arcanjo -, foi a primeira construção de vulto do município, inaugurada no dia 29 de setembro de 1928. Os tijolos foram feitos na olaria do senhor Durval Emery (filho de dona Emiliana Emery).

Nos históricos da edificação da Igreja, conta-se que em 29 de setembro de 1923, às 16 horas (da tarde), começou a construção da Matriz. A capela, foi a Matriz provisória de 29 de setembro de 1924 até a inauguração da Matriz, em 29 de setembro de 1929.
           
Em janeiro de 1929 seria a inauguração, data do aniversário de D. Luiz Scorteganha, mas devido ao estado de saúde deste, foi transferida para setembro, dia 24. Nos documentos ainda constam que “todas as inaugurações, homenagens, translados, eram feitos em dia de São Miguel, pelo Pe. Miguel por devoção.”

O cemitério revelado

Um ano após o início da construção da Matriz nova, demoliu-se a Matriz velha, encontrando em seus escombros inúmeros esqueletos. E muitos se perguntaram na época se o lugar da igreja velha foi cemitério de famílias de desbravadores antes ou até de escravos.

Atrás de uma foto antiga se registrava que “a primeira doadora de terreno para a Matriz foi Alzira do Espírito Santo. Houve dois doadores em 1863 e um doador em 1869 (Registro em cartório em 1903 ou 1904, confirmado por D. Luiz Scorteganha em 1930)”.

Carlos Ola, professor, redator e diretor teatral.





terça-feira, 14 de abril de 2020

UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA DE GUAÇUÍ


Em 1820, oficialmente, começa a história de Guaçuí, porém há registros anteriores segundo diversos pesquisadores. No entanto, livros e revistas trazem que Manoel José Esteves de Lima explora a região à procura de riqueza (metais preciosos). Vindo de Mariana, Minas Gerais, chefiava uma “ bandeira”  composta de 72 pessoas que seguia o curso do rio Itapemirim. 
Eles chegam aos domínios do Barão do Itapemirim. Depois retornam para Alegre e Guaçuí. Dentre os membros da expedição, Justino Maria das Dores foi incumbido de aqui se estabelecer. Esteves de Lima, como não acha as pedras preciosas, fixa na região vários quartéis.

Uma disputa de Minas e Espírito Santo



A colonização começa a 29 de setembro de 1838, dia de São Miguel Arcanjo, quando Justino Maria das Dores e mais dez Bandeirantes estabelecem-se na circunvizinhança. Deram o início à organização e cultivo de terras, promovendo o desenvolvimento agrícola e econômico da região. Com eles estavam membros de muitas famílias importantes: Viana, Barbosa, Gomes de Azevedo, Carvalho, Ataíde, Aguiar Valim e Lobato.

Entre os desbravadores que se estabeleceram ao longo da bacia do rio, destacaram-se Luiz Francisco de Carvalho e José Luciano Lobato de Souza. Tornou-se lendária a disputa entre os dois.  José Luciano pretendia incorporar as terras deste povoado a Minas Gerais, enquanto Luiz Francisco de Carvalho defendia sua integração ao Espírito Santo. Com a vitória de Luiz Francisco, após decisões judiciais, José Luciano retornou a Minas Gerais, onde se fixou definitivamente, conforme promessa e aposta que havia feito. Eram homens de palavra!

O primeiro nome oficial – São Bom Jesus do Livramento



A primeira formação administrativa de Guaçuí teve início com a Resolução nº 122, de 25 de novembro de 1861, que cria a Subdelegacia de Polícia de Veado, na Paróquia de Alegre, município de Itapemirim, com limites pelo rio Itabapoana, a partir da barra de Castelo, e pelo Rio Preto, até a Serra do Caparaó. Era a divisão da época.

O primeiro nome oficial do município foi São Bom Jesus do Livramento, mas em 1866, decorrente da Lei Provincial nº 9, passou a denominar-se São Miguel do Veado em homenagem ao Santo do dia em que se dera a entrada dos pioneiros (29 de setembro), acrescentando ao nome a expressão “do veado” , tirado do rio que banha essa região. No entanto, há registros em documentos nomes anteriores: Bom Jesus do Rio Preto e Bom Jesus do Veado.

A emancipação política



Em 25 de dezembro de 1928, na transição do governo Nestor Gomes e Aristeu Aguiar, foi elevado à categoria de vila pela Lei Estadual nº 1688. E em 10 de janeiro de 1929, foi instalado o município, que com território desmembrado do município de Alegre ficou integrado pelos distritos de Veado (sede), São Tiago e Rio Preto (Dores), adquirindo foros de cidade pela lei estadual nº 1722, de 30 de dezembro de 1929.

Em janeiro de 1930, passou a denominar-se Siqueira Campos em homenagem aos bravos do Forte de Copacabana; e por Lei Estadual nº 1573, de 08 de agosto de 1931 foi criada a Comarca com um único termo, o próprio município, sendo a sua instalação no dia 03 de outubro do mesmo ano.

O primeiro prefeito eleito foi Manoel Monteiro Torres, pai do ator Fernando Torres, que ficou de outubro de 1929 a outubro de 1930, sendo cassado neste ano. 

Carlos Ola, professor, ator, redator e diretor teatral.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Violência doméstica na pandemia e uso do álcool: um alerta da ONU


Em declaração recente, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu que todos os países protegessem mulheres e crianças, as principais vítimas de violência doméstica. Nesse alerta, Guterres mostra evidências de que o confinamento das pessoas em suas casas, nesse período de isolamento social devido à pandemia, levou a um surto de violência doméstica.

 A proteção das pessoas mais vulneráveis nesse momento é um dever que vai além da saúde pública, mas que passa necessariamente por ela. O que se pode fazer, da perspectiva da saúde mental?

É sabido que um dos fatores mais correlacionados com violência doméstica no Brasil é o uso de álcool. O fato de as pessoas ficarem em casa pode favorecer o uso abusivo de álcool e facilitar os atos violentos. Pedimos a todos que durante os tempos de pandemia reduzam ao máximo o uso de álcool e, se possível, evitem usá-lo.

 Se a decisão pessoal for pelo uso da substância, é importante que não seja feito em horários em que normalmente a pessoa não bebia. Também uma estratégia importante é não fazer estoque de bebidas em casa, pois isso facilita o uso abusivo. O esforço de todos e cada um fará com que passemos da maneira mais segura possível esses tempos possíveis.


Fotos: Google Imagens.

Guilherme Messas, psiquiatra, é docente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e coordenador do Comitê para Regulação do Álcool (CRA).

Enviado por Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Rua Dr. Cesário Motta Jr., 61 - Vila Buarque - São Paulo (SP)


terça-feira, 7 de abril de 2020

GUAÇUÍ DE MUITAS HISTÓRIAS E SÍMBOLOS




A história do município de Guaçuí começa quando num lugar denominado Aldeamento, hoje localização do distrito de São Pedro de Rates, até princípios do século XIX, era domínio de tribos indígenas, os Puris (Botocudos). Eles eram ferozes e indomáveis, matavam os colonizadores e não permitiram durante um longo período de tempo que se ocupassem a região onde se encontra Guaçuí, pois para aqui se dirigiram refugiando-se do avanço do invasor português. A fuga se deu também devido à expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, deixando desamparados os gentios.

A origem do nome

O nome Guaçuí tem origem indígena e, ao contrário do que muitos pensam e ensinam erroneamente, não significa “veado pequeno”. Há duas vertentes mais próximas da etmologia da palavra: segundo o estudo “Topônimos Capixaba”, de José Wlademiro Emery de Carvalho, significa “Rio Veado” ou “Águas do Veado”; já no livro “O incalistrado – Topônimos Capixabas de Origem Tupi”, de Samuel Machado Duarte, tem o significado “o Rio Grande” (Guassu-y), como se pronuncia.

Brasão



É de autoria do heraldista professor Arcinoé Antônio Peixoto, da Enciclopédia Heráldica Municipalista, evoca a raça colonizadora e principal formadora da nacionalidade.

Suas torres representam uma cidade de segunda grandeza, ou seja, sede de comarca.
A cor azul é símbolo de justiça, nobreza, perseverança, zelo e lealdade.
A cruz de Lorena e o braço empunhando um punhal se constitui no símbolo de São Miguel Arcanjo.
As buzinas de caças, nas laterais, em estilo boaiadeiro, representam a pecuária.
O triplo mantel de jalde representa a Serra do Caparaó, centralizando o Pico da Bandeira.
A faixa ondada de blau  traz a significação do Rio Veado, que banha a cidade.
Nos ornamentos exteriores, veem-se o milho e o café, principais produtos oriundos de suas terras.
Na faixa vermelha, no listel de góles, centraliza o nome de Guaçuí com a frase que Cristo disse a Lázaro “Surge Et Ambula” (Levanta-te e anda), ladeado pela data de sua emancipação política em 25 de dezembro de 1928.

A Bandeira



Ela é esquartelada em cruz, lembrando nessa simbologia o espírito cristão de seu povo. O Brasão aplicado na bandeira representa o Governo Municipal. O losango branco representa a própria cidade - sede do município, com glória, esplendor e soberania. Já as faixas amarelas carregadas de sobrefaixas vermelhas representam a irradiação do poder municipal; e os quartéis de azul, simbolizam as propriedades rurais existentes no seu território, com a cor a indicar ainda justiça, nobreza, perseverança, zelo e lealdade.

O Hino



Traz as referências de sua formação étnica (o povo indígena), belezas naturais (fauna e flora), desenvolvimento agrícola (cafezais), suas riquezas minerais, a fé de seu povo e a vida bucólica de sua gente. A letra é do poeta e professor Antônio Carneiro Ribeiro, com música de Célia V. Ferraz de Oliveira.

Carlos Ola, professor, ator, redator e diretor teatral.


quarta-feira, 1 de abril de 2020

MARÇO – VÁRIAS COMORAÇÕES DO DIA DO TEATRO




Em 1961, com a inauguração do Teatro das Nações, em Paris, constituiu-se, também, o Dia Mundial do Teatro, o que é comemorado também no Brasil. Mas há também um Dia Universal do Teatro, a 21 de março; um Dia do Artista de Teatro, a cada 19 de agosto, e um Dia Nacional do Teatro para a Infância e a Juventude, em 20 de março.

O que caracteriza o teatro? Qual a origem do teatro? Antes de mais nada, pode-se destacar o seu aspecto lúdico, isto é, de jogo, de faz de conta... Neste sentido, segundo o crítico Antonio Hohlfeldt  pode-se dizer que o teatro surgiu a partir de brincadeiras que se faziam em torno de fogueiras.
 As pessoas faziam gestos, contavam histórias, as sombras se projetavam nas paredes, a imaginação das pessoas corria à solta, quer da parte de quem narrava/representava/imitava certos gestos e/ou ações, quer da parte de quem ouvisse/visse tais representações.

O surgimento do teatro



Imitavam-se os animais, as pessoas, as ações de uns e de outros. Assim também nasceu a dança. Num e noutro caso, para dar maior verossimilhança, as pessoas se enfeitavam (nascia o vestuário, a indumentária), com penas das aves, peles de animais, roupas variadas... Seja como fosse, alguém, o ator, travestia-se, transformava-se em outra pessoa ou outro ente que não ele mesmo.

A representação teatral é muito antiga no Oriente: o Japão tem gêneros como o nô e o kabuki, extremamente formalizados, com um conjunto de regras fixas, que precisam ser aprendidas pelo intérprete. Na China, notabilizou-se o chamado teatro de sombras, o de marionetes e os espetáculos circenses. 
Aliás, Platão, em A república, quando no Livro VII quer simbolizar o mundo humano pela imagem da caverna, onde todos habitaríamos, não deixa de referir as marionetes, divertimento que então chegava à Grécia, através do Egito, segundo o historiador Heródoto.

O teatro grego e o primeiro ator



O teatro grego, em sentido estrito, teria surgido de rituais religiosos dedicados ao deus Baco, protetor das vindimas. As sociedades rurais organizam seus calendários evidentemente marcadas pelas épocas de plantio e colheita. O sucesso do plantio depende da qualidade da semente. A mãe-terra, ao receber a semente, que parece morrer, guarda-a durante um certo tempo e depois a devolve, transformada em uma planta. Para isso, é fundamental a fertilidade dos solos. O deus protetor da fertilidade era Príamo, cuja imagem correspondia ao pênis masculino, o falo. Realizavam-se procissões carregando imagens de todos os tamanhos deste deus protetor.

Em algum momento, conta-se que um dos sacerdotes que comandavam tais ações resolveu realizar uma ação individualizada. Seu nome seria Téspis, e assim teria nascido o primeiro ator. Dali em diante, os espetáculos teatrais, vinculados a tais tradições, ganhariam, crescentemente, dois e três atores, além dos coros, que se colocavam dos dois lados da cena, com cem pessoas, ao menos, representando as vozes das comunidades.

O teatro diante o Corona Vírus


Na última sexta-feira (27), foi, pois, o Dia Mundial do Teatro. Nada a comemorar, graças à Covid-19, mas lembremos de que o artista - o dramaturgo, o diretor, o encenador, o ator/atriz etc. - continuam, mais do que nunca, importantes na sociedade.  E foram muitas postagens nas redes sociais e em “lives” lembrando este dia.

O Espírito Santo é rico em companhias e grupos teatrais e se fez fortemente representado desde os anos 70 com o Grupo Ponto de Partida e tantos outros. Depois veio uma geração ligada à Federação Capixaba de Teatro Amador (Fecata), nos anos 80. E dentro dessa leva, surgiu o Gota, Pó e Poeira, de Guaçuí, com 36 anos de atividades. E, bem recentemente, o Homônimos Perfeitos, de Celina, há 3 anos; e a Cia “Mais um ponto, mais um conto”, em 2019. Parabéns!

Carlos Ola, professor, ator, redator e diretor teatral