Sobre os nomes:
Dizem que quando aqui
chegavam os bandeirantes, encontravam sempre uma manada de “veados brancos” à
beira do rio, sendo caça fácil para os mesmos. Assim o rio recebeu o nome de
Veado, e a vila também. E o nome do município foi sendo depois direcionado para
a denominação do rio – São Miguel do Veado.
Com o passar dos anos, o
nome do animal “veado” tomou um tom pejorativo, havendo um movimento na
comunidade pela troca do nome. Diz a lenda que em um encontro do interventor da
vila, no Palácio Anchieta, em visita ao governo do Estado, para discutir a
mudança do nome do município com o governador, na época João Punaro, este vê
entrando na baía de Vitória rebocado o navio Siqueira Campos, então é
determinado que o nome seria este -
Siqueira Campos, que a comunidade desejava para São Miguel do Veado.
Por que Siqueira Campos?
O povo da época não
aceitou muito bem, mas acatou o nome dado pelo governador porque era lei, porém
quem ficou revoltado foi um padre que havia chegado da Itália, “bravo como os
botocudos”, e que há pouco tempo tinha construído a Matriz de São Miguel
Arcanjo - Pe. Miguel de Sanctis. Ele afirmou que o Santo iria ficar descontente
com o ato e nas comemorações do padroeiro de São Miguel Arcanjo veio uma forte
chuva de granizo que destelhou boa parte das casas da cidade.
E é somente em 1943, que
o Presidente da República Getúlio Vargas influenciou os governantes estaduais
brasileiros a usarem nomes originais em tupi guarani, língua indígena (os legítimos
donos das terras brasileiras). Assim, Siqueira Campos torna-se Guaçuí.
A Matriz de São Miguel Arcanjo
A construção da Igreja
Católica – Matriz de São Miguel Arcanjo -, foi a primeira construção de vulto
do município, inaugurada no dia 29 de setembro de 1928. Os tijolos foram feitos
na olaria do senhor Durval Emery (filho de dona Emiliana Emery).
Nos
históricos da edificação da Igreja, conta-se que em 29 de setembro de 1923, às
16 horas (da tarde), começou a construção da Matriz. A capela, foi a Matriz
provisória de 29 de setembro de 1924 até a inauguração da Matriz, em 29 de
setembro de 1929.
Em janeiro de 1929 seria
a inauguração, data do aniversário de D. Luiz Scorteganha, mas devido ao estado
de saúde deste, foi transferida para setembro, dia 24. Nos documentos ainda
constam que “todas as inaugurações, homenagens, translados, eram feitos em dia
de São Miguel, pelo Pe. Miguel por devoção.”
O cemitério revelado
Um ano após o
início da construção da Matriz nova, demoliu-se a Matriz velha, encontrando em
seus escombros inúmeros esqueletos. E muitos se perguntaram na época se o lugar
da igreja velha foi cemitério de famílias de desbravadores antes ou até de
escravos.
Atrás de uma
foto antiga se registrava que “a primeira doadora de terreno para a Matriz foi
Alzira do Espírito Santo. Houve dois doadores em 1863 e um doador em 1869
(Registro em cartório em 1903 ou 1904, confirmado por D. Luiz Scorteganha em
1930)”.
Carlos Ola, professor, redator e diretor teatral.