A orientação para a realização de atividade física durante a
gestação é estimulada e indicada pelo American College of Obstetricians and
Gynecologists (ACOG) desde a década de 1990. Porém, somente em 2002 essa
prática foi reconhecida como segura e indicada para todas gestantes saudáveis,
e confirmadas no guideline da sociedade brasileira de medicina do esporte.
Portanto, por serem um consenso relativamente novo, muitas pessoas ainda
desconhecem seus benefícios.
A gravidez é um período
favorável para a intervenção dos profissionais da saúde, porque as mulheres
estão muito próximas, realizando consultas frequentes, mais atentas às mudanças
do seu corpo além de estarem fazendo exames de rotina e recebendo uma série de
orientações. Durante a gestação estamos mais sensibilizadas para os benefícios
de um estilo de vida mais saudável visando obter os melhores resultados para si
os filhos. Nesse período, as mulheres deixam de fumar, beber álcool
excessivamente e outras práticas que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.
Os exercícios físicos reduzem o risco de complicações obstétricas,
geram maior controle do ganho de peso da mãe e atuam positivamente no estado
psicológico, diminuindo a incidência de depressão e estresse, além do lado
social que é superimportante.
Alguns cuidados devem ser tomados ao praticar
as atividades físicas especialmente nesses nove meses:
- Use roupas frescas, evite altas temperaturas
e beba muita água para se manter hidratada.
- Também é importante intensificar o uso de
protetor solar, pois o sol pode aumentar as manchas na pele da gestante,
principalmente na face.
Atividades recomendadas
As atividades físicas mais recomendadas são as
praticadas na água, como hidroginástica e natação, uma vez que evitam as forças
gravitacionais, diminuindo a sobrecarga muscular em regiões que já estão sendo
hipersolicitadas, como ocorre na lombar, por exemplo.
Uma boa alternativa para prevenir a perda do
tônus muscular e melhorar a flexibilidade são os exercícios posturais como
ioga, Pilates e RPG (eu fiz nos seis primeiros meses exercícios funcionais e,
nos três últimos, musculação sem peso, apenas contraindo o músculo e usando os
aparelhos e elásticos de rotina).
Mas o que mais encontrei em comum na literatura foi o consenso:
evite aumentar sua frequência cardíaca 20% acima dos valores de repouso,
mantendo assim adequado o fluxo sanguíneo ao bebê e ao seu corpo.
Porém, na gestação a adesão ao exercício ainda
é difícil, pois muitas mulheres têm receios e dúvidas quanto à̀ segurança da
sua prática, necessitando de esclarecimentos e incentivos constantes, que
precisam ser feitos pelos profissionais que as atendem e familiares que as
circundam.
No pós-parto, introduzir a prática de exercícios na rotina das
mulheres é ainda mais desafiador, diante do tempo demandado com cuidados com o
recém-nascido. Entretanto, mulheres que são ativas na gestação tendem a se
manterem ativas no pós-parto.
Saindo da maternidade, cerca de 5 kg ou mais já
ficam para trás. Mais o inchaço das mamas, a retenção de líquidos e alguns
quilinhos extras acumulados, podem ser mais facilmente eliminados com a
atividade física aeróbica. Contudo, durante a gravidez esses esportes
principalmente os de impacto (como corrida e tênis que eu praticava de forma
moderada) devem ser realizados somente por quem já está adaptado e treinado
para tal, pois não adianta querer começar porque está gravida, pois nesses
casos, o sobrepeso associado ao despreparo físico pode ser prejudicial para
alguns esportes.
São poucas as condições que
inviabilizam a prática de exercícios físicos durante a gestação. E,
normalmente, não se trata de uma doença anterior da mulher, e, sim, de algum
problema ou risco particular àquela gestação. Se a gestante teve, por exemplo,
sangramento vaginal com descolamento da placenta, encurtamento do colo uterino,
ou se entrou em trabalho de parto prematuro, a prática de atividades físicas é
desaconselhada por aumentar o risco de o bebê nascer antes da hora. Ou em casos
específicos, principalmente para mulheres com problemas cardíacos, gravidez
múltipla, feto com crescimento inadequado, ou qualquer condição que saia da
considerada “gravidez saudável” pelo seu médico.
Vale lembrar também que, uma vez autorizada pelo obstetra, à prática
de exercícios traz benefícios que não se limitam ao físico. Quando a mulher se
exercita, o corpo libera uma série de hormônios que provocam bem-estar, as
chamadas endorfinas. Elas melhoram o humor, reduzem o estresse, e isso se
estende também ao bebê, uma vez que cai na corrente sanguínea da mãe, por meio
da placenta chegará até ele. Além disso, a mulher que pratica atividades
físicas tem mais confiança no próprio corpo, mais controle e é mais
autoconsciente. E isso faz toda diferença na hora do parto, porque a deixa
muito mais segura e feliz com seu corpo!
Portanto, há muito mais benefícios que
contraindicações. Bons treinos e sejam felizes!
Ana Paula
Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e
Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e
Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e
Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e
Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. www.anapaulasimoes.com.br
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