A
importância da prática de atividade física por idosos
Como
ortopedista, recebo muitos pacientes idosos com queixas de dores
musculoesqueléticas generalizadas. Elas ocorrem pelo fato de o envelhecimento
celular ocasionar uma desordem da homeostenose (perda de reservas orgânicas e
funcionais que é uma característica inerente do avançar dos anos), promovendo
declínio estimado de algumas funções e maior vulnerabilidade a doenças em todo
o corpo como as cardiovasculares, infecções, neoplasias e no caso da minha
especialidade: as artropatias e doenças degenerativas osteomusculares.
Na
terceira idade (estabelecida a partir dos 65 anos pela Organização Mundial da
Saúde) as dores articulares e degenerativas aumentam e ocorre a redução da
capacidade funcional, por isso é importante manter a independência e prevenir a
incapacidade, reabilitando esses pacientes e garantindo qualidade de vida. A
atividade esportiva ajuda a prevenir e melhorar as condições físicas e mentais
do paciente geriátrico, desde que bem orientado e medicado (quando necessário).
Muitos
adultos com idades entre 65 anos ou mais, gastam em média, 10 horas ou mais por
dia sentado ou deitado, tornando-os o grupo etário mais sedentário. Eles estão
pagando um alto preço por sua inatividade, com maiores taxas de quedas,
obesidade, doenças cardíacas.
Por
isso, conforme envelhecemos, torna-se ainda mais importante permanecermos
ativos, pois nossos corpos declinam a função e a atividade física ajuda a
retardar essa degeneração, inclusive podemos falar até em progressão, ou seja,
com o passar dos meses o condicionamento melhora e podem até ser
intensificados. Atividade física nos ajuda a permanecer saudável, com
energia e independente à medida que envelhecemos.
Há fortes
evidências de que as pessoas que estão ativas têm um menor risco de doença
cardíaca, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer,
depressão e demência. Do ponto de vista ortopédico melhora a mobilidade
articular, alongamento e flexibilidade, isso sem falar na resistência física e
muscular que melhora com a prática esportiva.
Se você não tem dor e pratica esporte, irá reduzir o risco de
doença mental, ser capaz de sair e ficar bem independente na velhice. É
aconselhado a manter-se sempre em movimento. Pode começar com uma simples
caminhada diária de 15 minutos, ou 3 vezes por semana de 20 minutos.
Obviamente, esses valores terão que ser adequados a cada perfil.
Consideramos atividade física o que faz seu corpo
se manter em movimento com aumento da frequência cardíaca em pelo menos acima
de 10% da basal. Pode incluir desde uma simples caminhada até a prática de
esportes coletivos. Idealmente, podemos tentar alguma coisa todos os dias, de
preferência em episódios de 10 minutos ou mais. Uma forma de atingir o que a
OMS considera ideal (150 minutos de atividade moderada) é fazer 30
minutos em pelo menos cinco dias por semana, sendo que 75 minutos de atividade
rigorosa mais de uma vez por semana é tão benéfico quanto 150 minutos de
atividade moderada.
Exemplos de atividades aeróbicas de intensidade moderada
incluem andar rápido, dançar, hidroginástica ou natação, andar de bicicleta em
terreno plano ou com poucas colinas, jogar tênis ou peteca de duplas. Além da
parte aeróbica tente orientar fazer algumas atividades que trabalham os
músculos. Isso pode incluir musculação, pilates, yoga, tai chi ou outras artes
márcias.
Tarefas diárias, como fazer compras, cozinhar ou
trabalho doméstico, não contam para seus 150 minutos, porque o esforço não é
forte o suficiente para aumentar a sua frequência cardíaca, embora eles ajudem
a quebrar o tempo de sedentarismo.
Nunca é tarde demais para adotar um estilo de vida
mais ativo. Adultos mais velhos que estão ativos irão reduzir risco de doença
cardíaca e acidente vascular cerebral a um nível semelhante como as pessoas
mais jovens que estão ativos. Se por outro lado esteve inativo por um tempo,
você pode construir sua atividade gradualmente até atingir os níveis
recomendados. Você ainda vai ver melhorar a sua saúde no processo, e vai ver
reduzir o risco de quedas e de outras doenças.
Vamos
começar?
Ana Paula
Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista
em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e
Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e
Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira
de Medicina do Esporte.
Enviado
por Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Rua Dr. Cesário Motta
Jr., 61 - Vila Buarque - São Paulo (SP)
Foto: Google imagens